Na passada sexta feira a Jornalista do Diário Económico, Raquel Carvalho, colocou-me uma série de perguntas sobre a Indústria de Capital de Risco no nosso País, cujas respostas passo a partilhar com os meus amigos pois acredito que as mesmas possuem informação de interesse nomeadamente para os empreendedores que procuram financiamento para os seus projectos ou para os estudantes que tem de realizar trabalhos sobre esta temática.
1. Como caracteriza o Capital de risco em Portugal? Qual o balanço que faz dos últimos anos? Acha que Portugal está aberto a este mercado?
É necessário, antes de mais, distinguir os dois mercados distintos que caracterizam o capital de risco em Portugal. De um lado temos o capital de risco mais “tradicional” que investe sobretudo em negócios mais maduros, com maior ou menor risco mas que é essencial para financiar fases de internacionalização, reestruturação ou de buyout, por exemplo. Do outro lado temos aquele que pode ser considerado como o capital de risco early stage ou venture, onde o risco assume um maior peso dado o facto de financiar negócios em fases muito emergentes e cujo resultado pode ser um fracasso que corresponde à perda total do investimento como um sucesso capaz de pagar todo o portfolio do investidor.
O capital de risco em Portugal sempre foi caracterizado por ter aversão ao risco, em parte pelo facto de muitas das grandes sociedades de capital de risco terem origem na banca, o que conduziu a que historicamente fossem canalizados mais fundos para negócios e sectores mais previsíveis.
A comprovar esta minha posição vide por exemplo o quadro evolutivo dos investimentos realizados no nosso País e particularmente nos últimos quatro anos onde praticamente não se assistiu a qualquer investimento ao nível do capital semente e onde os capitais se concentraram praticamente nas operações de buy-out e de reestruturação de empresas.
Felizmente acredito que iremos assistir a uma mudança que irá ter um maior enfoque nos sectores iniciais de financiamento, admitindo por isso que seremos capazes de eliminar a actual falha de mercado. De facto em sintonia com o resto da Europa, surgiram este ano no nosso País novos fundos de early stage no valor de 87 milhões de euros, os quais terão de ser aplicados obrigatoriamente em novos negócios até ao final de 2013.
Por sua vez a Comunidade Portuguesa de Business Angels deu um passo histórico ao aderir em grande número ao novo fundo de Co-investimento promovido no âmbito do Programa Compete, que foi criado especificamente para as fases mais iniciais de investimento e que conta com uma capacidade de investimento de 42 milhões de euros, alavancada por mais de 200 business angels através de 54 entidades veículo.
Refira-se a propósito que tendo ficado operacional em finais do passado mês de Fevereiro a formalização dos contratos de financiamento estabelecidos entre cada uma das 54 entidades veículo e a PME Investimentos- Sociedade Gestora do citado Fundo de Co-Investimento- estas entidades já efectuaram 11 investimentos em novas empresas num total de 2.7 milhões de euros criando assim fortes expectativas de que os próximos meses serão caracterizados por um forte número de investimentos por parte da Comunidade de Business Angels nacionais.
2. A legislação nacional facilita o acesso ao capital de risco?
Portugal possui desde 2003, altura em que o ex-Ministro da Economia Carlos Tavares reformulou totalmente o então completamente desajustado enquadramento jurídico e fiscal, ao nível legal uma situação que não apresenta significativos obstáculos à actividade de capital de risco nem para o sector formal dos fundos, nem para o mais informal dos business angels cuja actividade foi reconhecida em 2007 pelo DL 375/2007.
Já no que respeita à fiscalidade nacional deu-se recentemente um significativo retrocesso. As condições que foram em 2010 concedidas aos Business Angels portugueses em matéria de benefícios fiscais que permitiam deduzir à Colecta de IRS 20% do valor dos seus investimentos, em projectos inovadores, até ao limite de 15% da citada Colecta, foi limitada este ano para... 100€, um valor “ridículo” mas que tenho esperanças que seja ainda revisto ao longo do ano. Os Business Angels precisam deste tipo de estímulos. No Reino Unido, país com o maior número de Business Angels na Europa, as condições fiscais foram há poucos dias revistas no sentido inverso com a dedução em sede fiscal até agora de 20% do valor do investimento aumentando para 30% e com o respectivo limite a ser duplicado para 1,14 milhões de euros (£1 milhão).
Não se deve pensar que é “mais um esquema” e que os Business Angels não querem pagar impostos. Deve-se pelo contrário reconhecer que são indivíduos que podiam ter o dinheiro a render em investimentos mais seguros mas que preferem canalizá-lo para projectos inovadores com grande potencial de crescimento que está provado serem o tipo de empresas que geram mais emprego, sobretudo qualificado. A aplicação de benefícios fiscais é exclusivamente uma forma de compensar o risco e nunca o substitui.
3. Como compara 2010 com 2009 em termos de números de transacções e investimento realizado? Quais as perspectivas para 2011?
O mercado português de capital de risco está a atravessar um período conturbado e não indiferente à crise económica e de confiança que se instalou na economia portuguesa. De 2009 para 2010 o valor investido caiu 46% - passando de 303 milhões de euros em 2009 para 164 milhões de euros em 2010- tendo semelhante panorama sido verificado nos desinvestimentos realizados e com uma bastante mais acentuada queda nos novos fundos angariados (89%).
Contrariamente ao valor dos investimentos realizados ao nível europeu onde de acordo com a EVCA, Associação Europeia de Private Equity e Venture Capital, cresceram mais de 42%, e nos EUA onde cresceram mais de 19% o nosso País revelou efectivamente uma performance muito negativa e completamente inesperada tendo em conta o forte contributo que se esperava das Sociedades de Capital de Risco na dinamização da Economia Nacional.
De facto comparando com a nossa vizinha Espanha onde a conjuntura económica e financeira também foi bastante negativa, as Sociedades de Capital de Risco investiram comparativamente a 2009 mais de 117% tendo passado de 1.592 milhões para 3.500 milhões euros o que diz bem da dinâmica que as mais de 191 empresas existentes em Espanha revelaram. Acresce por outro lado que os projectos nas fases iniciais em Espanha, e mais uma vez contrariamente ao nosso País, revelaram igualmente um forte dinamismo pois foram investidos 130 milhões de euros em mais de 300 empresas.
Como já referi anteriormente acredito que durante o ano de 2011, poderemos assistir a um aumento significativo dos investimentos early stage uma vez que as Sociedades de Capital de Risco que assinaram os contratos de financiamento com a Sociedade Gestora dos Fundos provenientes do Programa COMPETE se encontram devidamente capitalizadas para aportarem os seus Fundos aos Empreendedores, que apresentem excelentes Projectos empresariais bem como a Comunidade de Business Angels dispersa por todo o País não deixará de continuar a revelar a interessante dinâmica de investimento registada nos primeiros três meses de execução do seu Fundo de Co-Investimento.
4. Este mercado tem espaço para crescer? De que forma?
Julgo que pode crescer muito. O mercado de early stage está a surgir e tem ainda um longo caminho para se integrar devidamente no ecossistema empreendedor, nomeadamente através da criação de fundos especializados, de uma maior integração com universidades e incubadoras, do aparecimento de business angels particularmente activos e de uma nova geração de business angels que foram anteriormente empreendedores de sucesso financiados com capital de risco.
Já quanto ao sector mais tradicional a recuperação e crescimento virá certamente com a restauração da confiança dos gestores dos fundos na economia e nos mercados financeiros por parte dos agentes externos.
5. É o capital de risco uma melhor forma de financiamento para as empresas em tempos de crise? Porquê?
As empresas recorrem habitualmente à banca quando necessitam de se financiarem para crescer. Estando os spreads mais altos e os critérios de selecção dos projectos mais restritivos, a única solução é bater a outra porta. A porta do capital de risco não se abrirá sempre porque quem investe é também criterioso mas aplica critérios mais compatíveis com o risco que está associado ao crescimento da empresa. Não posso por isso dizer se é melhor ou pior mas digo com segurança que é uma melhor alternativa para algumas empresas.
6. O que poderá mudar neste mercado com a crise?
Preocupa-me mais o que pode mudar “após” a crise. A crise trouxe um maior interesse pelo early stage, pelos projectos que podem gerar maior retorno com menos capital e houve de certa forma uma transição de capitais para este tipo de fundos. Com uma economia em recuperação, espero que não se verifique o inverso e que não fiquem apenas os business angels – cuja capacidade financeira é mais limitada – a investir no sector.
7. Qual a Importância do Capital de Risco para a Economia Portuguesa?
Um dos grandes problemas da Economia Portuguesa é o desemprego e a produtividade.
Ora recentemente, em Espanha, foi publicado um estudo que analisou a evolução alcançada pelas empresas que obtiveram capital de risco no ano de 2005, em termos de volume de negócios e criação de novos postos de trabalho, no período compreendido entre o citado exercício e o ano de 2008, ou seja três anos depois.
Os resultados alcançados são significativos da importância do Capital de Risco na economia de um País. De facto o volume de negócios das citadas empresas tiveram um crescimento médio anual de 10.2% quando as que não tiveram capital de risco registaram uma quebra média anual de 4% . Por sua vez ao nível da criação de emprego verificou-se que por cada empresa alvo de capital de risco se criaram mais 10 postos de trabalho em 3 anos contra apenas 1.5 nas empresas que não obtiveram capital de risco.
De facto o Capital de Risco não será certamente a “fórmula mágica” que vai tirar Portugal da forte crise económica em que se encontra, porém os especialistas coincidem na opinião de que deve formar parte das medidas a adoptar em momentos de recessão para fortalecer as empresas, melhorar a sua competitividade e ajudar na criação acelerada de emprego.
Evolução das Estatísticas e Fundos do Programa Compete.
« Mais do que empresário é um dos impulsionadores dos “anjos de negócio”. Descubra o que move o homem que quer fazer uma fundação para ajudar jovens empreendedores
Tinha 23 anos quando criou a sua primeira empresa – a Gesbanha – para dar enquadramento a uma forma diferente de fazer contabilidade. E não esquece que, para o fazer, teve o apoio e entusiasmo de António Mourato, o patrão que viu nele a centelha do empreendedorismo. Estávamos em 1986 e o jovem Francisco Banha recebeu um empurrão determinante daquele que ainda hoje considera o seu “pai empresarial”.
Talvez esse tenha sido o instante determinante para que hoje seja ele um dos principais impulsionadores do País no que toca ao apoio de jovens com iniciativa empresarial. Essa dedicação fez com que fundasse no ano 2000 o primeiro Business Angel Club em Portugal – um conceito quase desconhecido por cá. A evolução deste modelo muito deve à iniciativa do próprio Francisco Banha.
Numa entrevista exclusiva à partilha a história e os momentos críticos do empresário, na primeira pessoa. E admite que ainda faltam dois sonhos. Um é conseguir apoiar e acompanhar uma empresa desde a fase de criação do projecto até à sua entrada no mercado bolsista. O outro, de grande envergadura, é poder vir a criar a fundação Francisco Banha, que servirá para apoiar jovens com menores recursos para que estes possam, através do empreendedorismo, atingir a sua independência, seja criando o seu próprio emprego, seja preparando-os para o mercado de trabalho.»
Entrevista completa em Invest 25/5/2010
«Responsável por grandes sucessos tecnológicos como o KaZaA e o Skype, o sueco Niklas Zennström também acumula iniciativas não muito bem sucedidas em seu currículo - um exemplo é o descontinuado Joost, plataforma de TV pela internet. Mas ele não faz nenhuma questão de esconder isso. Zennström, empreendedor nato, é daqueles que acreditam que se pode aprender com os erros.
Hoje, aos 44 anos, o sueco atua como investidor na Atomico, empresa de capital de risco que fundou em 2006 com o amigo Janus Friis. Como risco para ele não é problema, a Atomico decidiu deixar o restrito mercado do primeiro mundo e começa a procurar parceiros na América Latina. Depois de fechar um investimento na Argentina, Zennström desembarcou na segunda-feira (3) no Brasil, que visita pela primeira vez, atrás do que ele chama de "disruptive technologies". Ideias como as que ele mesmo teve ao longo da carreira.»
artigo completo in EXAME Brasil 6/5/2010
Partilho a entrevista recente que dei à revista Golden News Cascais, na qualidade de Presidente do Grupo Gesbanha.
Nesta entrevista exponho as minhas ideias sobre o empreendedorismo em Portugal, acesso ao financiamento de business angels, investimento, além de relatar o meu percurso empresarial e apresentar, com mais profundidade, os serviços que prestam as empresas que fundei.
Para ler a entrevista, clique aqui.
Excertos de uma entrevista concedida a dois estudantes da Universidade de Barcelona.
PARTE 2
Las competencias emprendedoras, espirito empreendedor, comunicacion eficiente y efectiva, liderazgo, creatividad, trabajo en equipo, orientacion al logro, orientacion al cliente, relaciones interpersonales, tolerancia a la frustracion, proactividad comercial fueran importantes en todo lo projecto?
Na fase inicial do arranque da minha actividade empresarial foi fundamental a proactividade comercial que possibilitou a angariação de clientes interessados na prestação de serviços que tinha a capacidade de executar em particular os serviços de contabilidade. Nesta fase os serviços eram executados por mim próprio e com o apoio de uma administrativa que funcionava como o meu back office pelo que foi extremamente importante as minhas capacidades de relacionamento interpessoal pois foram estas que permitiram ganhar a confiança dos meus clientes que viam em mim e nos meus serviços a resolução dos problemas que eles tinham na obtenção dos dados necessários a uma melhor tomada de decisão na gestão dos seus negócios.
Ha medida que os clientes se tornaram satisfeitos com os serviços prestados foram passando a palavra a outros empresários o que veio tornar necessário a admissão de novos colaboradores para fazer face a este aumento de actividade.
Nessa altura vieram ao de cima algumas características que se tornaram fundamentais para que passados 23 anos sejamos considerados a empresa de referencia na prestação de serviços de gestão e contabilidade conforme o demonstra o facto de termos na nossa carteira de clientes empresas multinacionais como a Motorola, Lego, Kellogs, Interpublic, Reuters.
Nestas características merecem especial referencia a i) perseverança essencial na criação de auto defesas contra a frustração de iniciativas que nem sempre conseguimos materializar quando pensamos ii) clareza estratégica fundamental para a identificação de oportunidades e transmissão da visão à nossa Equipe iii) trabalho de equipe como elemento base à superação das dificuldades/oportunidades que dia a dia nos sao colocadas quer pelos clientes quer pelos diferentes parceiros com que nos relacionamos iv) liderança transmitida de forma clara e transparente com vista a dotar a Organização de uma Cultura que permita aprender que a Gestão se faz com rupturas, com risco e alguma ousadia pois só por si a programação e a prudência não fazem a diferença e esta só acontece se a nossa Equipa tiver condições que a inspirem e motivem, v) Criatividade e Inovarão como vectores essenciais para que pudéssemos estar sempre dois passos à frente da concorrência quer aquelas se manifestassem na forma como processamos os nossos serviços quer na identificação de novas áreas de negocio em que beneficiamos de sinergias e de vantagens competitivas como foi o caso da Gesventure - Angariação de capital de risco e corporate finance e a GesEntrepreneur - ensino de empreendedorismo sustentável.
Excertos de uma entrevista concedida a dois estudantes da Universidade de Barcelona.
PARTE 1
Que motivacion para montar la empresa? Creó la empresa por necesidad ou por oportunidad?
A motivação na criação da minha empresa derivou do facto de ter constatado uma oportunidade de passar a prestar os serviços de outsourcing de contabilidade nos escritórios dos próprios clientes em vez de os prestar nos escritórios da empresa de serviços como ate aquele momento era habitual.
O modelo de negocio que passei a utilizar permitiu um maior interface com os clientes, nomeadamente pequenos empresários, possibilitando que conhecesse melhor as necessidades que os mesmos possuíam para gerirem melhor as suas empresas, criando uma oportunidade para a prestação não só de serviços de contabilidade e de processamento de vencimentos, mas também de apoio à gestão.
Tinha 23 anos de idade, era solteiro, estava no 3 ano do curso superior de organização e gestão de empresas e nunca tinha criado nenhuma empresa anteriormente pois tinha sido durante 5 anos trabalhador por conta de outrem.
Deixo-lhe aqui uma entrevista que me foi feita pela jornalista Cátia Mateus para o Expresso.
Nesta entrevista é focado o panorama do empreendedorismo em Portugal.
Que panorama traça do empreendedorismo em Portugal nos últimos 3 anos? Quais os grandes traços da sua evolução?
Antes de mais julgo que é importante realçar a propagação do próprio termo “empreendedorismo” que se traduziu num crescente número de conferências, concursos, cursos, documentos científicos e artigos sobre o tema, já para não falar na abordagem a novas gerações às quais antes o tema se encontrava restrito - refiro-me em particular aos milhares de jovens, do ensino básico e secundário, que nos últimos 3 anos participaram em cursos de empreendedorismo nas nossas escolas. Considero ser importante realçar este crescimento dado que só falando de empreendedorismo é possível alterar mentalidades, nomeadamente no que diz respeito à atitude face ao risco - algo que apenas muda se incutido nos futuros empreendedores enquanto jovens - e à capacidade de aceitar o insucesso, uma característica da cultura europeia e que infelizmente ainda tem um longo caminho a percorrer.
Este não é o único factor que limita ainda o empreendedorismo em Portugal. A UE fez um estudo que comparou as PMEs europeias com as norte-americanas e constatou que estas últimas são maiores, crescem mais depressa e têm mais lucros. Segundo o mesmo estudo isto sucede pelo facto das empresas nos EUA utilizarem melhor as tecnologias, sobretudo de informação e comunicação. Foram detectados problemas na nossa capacidade de inovação, no ambiente económico, nos impostos e, em particular, na questão do empreendedorismo. Os americanos são certamente mais dinâmicos e empreendedores.
Precisamos de uma educação virada para o empreendedorismo, o que começa por fazer os estudantes perceberem como funciona a economia, como podem criar e gerir uma empresa. Ao mesmo tempo é preciso desenvolver políticas que respeitem o “pensar pequeno” em primeiro lugar, não prejudicando as PME, actuando sobre todos os aspectos que ainda condicionam os empreendedores a operacionalizar o nascimento e crescimento das suas empresas. (...)
Não deixe de ler a entrevista na sua totalidade.
O Fundo de Co-investimento para business angels envolveu muitas negociações |
Na sequência de alguns post que aqui tenho feito sobre o Fundo de Co-investimento para business angels, convido-o a ler uma entrevista dada por mim ao Semanário Vida Económica:
- Qual a importância da criação desta linha para BA? Na prática, quais os seus resultados?
Considerando os números publicados pela APCRI, referentes aos exercícios de 2007, 2008 e ao 1º trimestre de 2009, estes são bem caracterizadores do cenário de total ausência de investimento na fase de capital semente por parte da indústria de capital de risco nacional. Perante tal ausência, o papel dos Business Angels pode e deve tornar-se determinante nesta fase inicial de financiamento, já que aliam a disponibilidade financeira a know-how específico, trazendo para dentro das novas empresas competências complementares às dos promotores que na sua generalidade apenas possuem conhecimento de âmbito científico.
Todavia, e por se tratarem de novas empresas e de projectos nascentes, o rácio risco/retorno é muitas das vezes pouco atractivo, levando muitos dos potenciais Business Angels a investir em produtos alternativos. Ora, a criação deste Fundo de Co-Investimento, desenhado à semelhança do modelo holandês, tal como proposto pela FNABA - Federação Nacional das Associações de Business Angels, vem possibilitar não só a alavancagem da disponibilidade financeira dos Business Angels - potenciando o investimento em projectos que de outro modo eram impossíveis pelo nível de capital procurado - mas, sobretudo, permitindo uma melhor combinação das varáveis risco e retorno.
Para tal, a base desta combinação de variáveis, assenta em condições de financiamento muito específicas que permitem, entre outras medidas relevantes, a assimetria de distribuição do encaixe financeiro resultante de cada investimento realizado por Business Angels, na proporção de 20% para o Programa COMPETE (Programa Operacional Factores de Competitividade) e 80% para os Business Angels, até que estes sejam ressarcidos da totalidade do seu investimento.
Neste sentido, a criação desta linha de investimento para Business Angels vem, assim, permitir diluir riscos, aumentar o montante investido e, ainda, consolidar a confiança dos Business Angels, não só pelo facto de ser criada uma linha de financiamento específica para a fase de desenvolvimento em que estes investem mas também pela partilha de risco que se gera ao investir simultaneamente – através do fundo – numa maior diversidade de projectos.
Em resumo, traduz-se num estímulo bastante interessante à actividade dos Business Angels, possibilitando que esta cresça, e assim contribua para o desenvolvimento da inovação e para uma nova geração de empresas portuguesas.
Na prática, o impacto positivo deste Fundo de Co-investimento vai-se sentir tanto no aumento do número de Business Angels disponíveis para investir como no aumento do número de projectos financiados. Na indústria de capital de risco diz-se que em cada 10 projectos financiados, o sucesso de um paga o investimento realizado nos outros nove. Esperamos que as dezenas de investimentos que porventura venham a ser realizados permitam gerar os casos de sucesso suficientes para que possamos ver a indústria de capital de risco a virar a sua atenção para este tipo de investimentos.
Leia a entrevista na sua totalidade - ficheiro .pdf (0,70 Mb)
Não deixe de ler as respostas sobre Business Angels dadas ao Diário Económico por Jacek Blonski - Membro da Direcção e do Comité Executivo da European Business Angels Network (EBAN), durante a sua presença no 9º VCIT.
Q1. Who is a typical Business Angel?
Business Angel is a private individual investing own wealth in early stage businesses and willing to share his/her managerial skills, specialist knowledge and networks. Investing typically below 25% of the personal wealth, seeking profit, but also fun.
Q2. What kind of criteria Business Angels use when evaluating the projects?
First of all they look for the management team, than the business opportunities and the quality of the business plan. The business should be scalable with high growth perspective and strong business forecasts. The ideal situation is when the founder/entrepreneur already posses a proof of concept of that idea and the product/service is ready or almost ready to sell on the market.
Nevertheless, the quality of the entrepreneur is for Business Angels the a most critical factor when making a decision for investment. (...)
Perguntas e Respostas sobre Business Angels - Ficheiro .pdf (78 Kb) (Inglês)
Hoje deixo-lhes uma entrevista dada ao Semanário Vida Económica por Jochebed Heiland do Ministério da Economia Holandês que esteve presente no 9º VCIT nos passados dias 27 e 28 de Maio.
- What are the characteristics of these co-investment funds created by the State and the Business Angels to support entrepreneurs?
The Technostarter SEED facility aims to increase the chance for Technostarters to get financing. The facility improves the risk-return for investors and enables Business Angels to invest larger amounts then they have available themselves.
In order to use this facility a minimum of 3 Business Angels must establish a closed end investment fund. None of the Angels can have a controlling interest in the fund. The government gives a loan the investment fund to match the investment budget of the Business Angels.
The government loan has a maximum of € 4 million per fund. And the fund will be able to finance a maximum of 50% of their investment using the loan. The funds have to provide risk capital to Dutch technostarters. The provision of risk capital takes the form of the acquisition of shares in the technostarters business whereby a subordinated loan can be provided as additional capital. In this way Technostarters may obtain capital ranging from € 100.000 to €2,5 mln.
Businesses that classify as innovative from a technological perspective fall within the target group of technostarters. This means that there is a technical invention or a new combination of existing technology underlying the technostarters physical product or service. There is no need for the technostarter to have invented the invention or devised the new application.
Entrevista na totalidade - Ficheiro .pdf (40 Kb) (Inglês)
Francisco Banha, presidente da Federação Nacional de Associações de Business Angels (FNBA), esteve na Semana do Empreendedorismo da OPEN para formalizar a adesão da OPEN Business Angels à federação. O capital de risco em Portugal, na primeira pessoa. |
Que argumentos que convencem um business angel a investir num projecto?
A apresentação tem de ser convincente. O empreendedor tem de dominar totalmente a ideia do projecto e ter capacidade de demonstrar onde está a sua magia, se tem ou não mercado, e se esse mercado permite ter uma rentabilidade atractiva para os investidores. Tem também de demonstrar que conseguiu reunir uma equipa para concretizar o projecto.
Leiria é um distrito que arrisca?
Leiria, e nomeadamente a Marinha Grande, é por si uma das regiões mais empreendedoras do país. Veja-se o que se tem feito na área dos moldes. Agora assume ainda mais essa característica, com a constituição do OPEN Business Angels e a sua adesão à FNABA, beneficiando do efeito de rede de um conjunto de associações que cobrem o território nacional. Terá acesso a projectos não só da Marinha Grande, como de outras regiões, que teriam maiores possibilidades de sucesso se estivessem na incubadora OPEN, resultado do perfil dos empresários que fazem parte do clube, que é seguramente diferente dos que integram o business angels de Guimarães, ou de Lisboa.
Quais são as principais vantagens da adesão do OPEN à FNABA?
São enormes. É mais um membro que vai contribuir, com o seu valor, nomeadamente o engenheiro Joaquim Menezes, que é um dos empresários que mais se tem destacado a nível nacional, e tem muita experiência internacional, resultado da presidência da associação mundial dos moldes, contactos que podem ser úteis para nós. Por outro lado, a própria OPEN vai beneficiar porque a FNABA tem trabalho feito no mercado nacional, onde tem oito clubes, e muitos contactos a nível internacional. Eu e o Paulo Andrez fomos eleitos membros do board da Associação Europeia de Business Angels e vamos liderar o comité de research e training, o que permite ter acesso a muita informação que poderá ser disponibilizada para os respectivos membros. O ano passado fomos pioneiros, a nível mundial, ao conseguir reunir em Portugal 25 membros de business angels dos vários cantos do mundo e estamos na génese da constituição da Associação Mundial de Business Angels. A OPEN terá acesso a esta rede de contactos importantíssima na sociedade do conhecimento em que vivemos.
Há quem diga que não existe um verdadeiro capital de risco em Portugal, porque são exigidas garantias, tal como no crédito convencional. Como comenta?
A razão já não está do lado de quem afirma isso. Há uns três ou quatro anos que as empresas de capital de risco já não estão a exigir essas garantias. Estão a investir nas capacidades do empreendedor e do projecto. Mas os empreendedores ainda têm queixas porque os sistemas que estão ao seu dispor ainda não estão devidamente oleados. O programa FINICIA eixo 1 e eixo 2 – benéfico para business angels e empreendedores – que tinha como objectivo criar 1300 novos negócios, criou 200, e a maior parte tem a ver com microcrédito, e não com microcapital.
Porque é que isso acontece?
Porque ainda existe uma mentalidade, junto das instituições que gerem esses fundos, que os projectos têm de estar devidamente consolidados e dar garantias de possibilidades de implementação. Esses gestores não acreditam que, a partir do momento que um business angel investe num projecto ao lado do empreendedor, não e preciso perder mais tempo a fazer o que nós já fizemos. Se um business angel investe é porque acredita. Se existem os instrumentos de apoio vamos colocá-los em prática. Nós, empreendedores e investidores, devemos ter credibilidade para que não haja grande “burocracia” a dificultar a implementação dos projectos. Eventualmente poderão ter mais risco, mas se não corrermos o risco as coisas também não acontecem, e é isso que nos falta. Tenho vindo a sensibilizar os responsáveis para estas questões e acredito que serão ultrapassadas algumas deficiências e agilizados os processos.
O sistema de incentivos melhorou no que toca ao apoio a investimentos de risco...
Portugal tem, neste momento, um dos melhores programas a nível mundial de apoio aos empreendedores para criar as suas empresas: o programa FINICIA. Precisamos de agilizar e de valorizar a credibilidade e o papel dos business angels, pessoas que toda a vida geriram empresas e podem aportar parte desse conhecimento a negócios que estão a iniciar. Os investidores precisam de um enquadramento fiscal favorável ao desenvolvimento da sua actividade.
O que defende a esse nível?
Que seja replicado para o enquadramento fiscal português aquilo que está a ser feito nos Estados Unidos, em Inglaterra e em França: os investidores poderem deduzir uma parte do investimento que fazem em sede de IRS. Uma empresa internacional de consultoria fez um estudo que conclui que, por um crédito fiscal no IRS do business angel de 10% dos investimentos feitos, com um plafond de 20 mil euros por ano, a despesa fiscal máxima de 700 mil euros vai permitir investimentos na ordem dos 60 milhões. O Estado não fica prejudicado porque os business angels vão ajudar a criar empresas, a gerar emprego de elevadas qualificações, que vai pagar impostos e segurança social. E as empresas pagarão IRC dentro de dois a três anos, se tiverem sucesso.
Como foi recebida essa proposta?
Foi-nos dito para aguardar o próximo ano, para ver o défice público já está mais controlado.
Entrevista a Lotfi El-Ghandouri, assessor do Cirque du Soleil que apresenta esta organização como exemplo de inovação.
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