Apenas um terço das empresas brasileiras utiliza algum tipo de prática inovadora na sua gestão. Segundo dados apresentados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), 33,6% das empresas são inovadoras e o nível de investimentos feitos pelo sector privado em Investigação e Desenvolvimento (I&D) está abaixo da meta estabelecida para o País. Em 2010, o dispêndio das empresas privadas em I&D deve alcançar 0,56% do Produto Interno Bruto (PIB), ante uma meta de 0,65% do PIB.
“O nível de envolvimento das micro e pequenas empresas com o tema ainda é muito baixo. A inovação deve ser prioridade número um dentro das estratégias das empresas, precisa de ocupar o papel central da indústria brasileira”, afirma o investigador de Estudos e Políticas Industriais da CNI, Rodrigo Teixeira.
Por outro lado, ressaltou, o apoio governamental em relação a outros países também é baixo e deveria elevar-se. Actualmente os incentivos fiscais e subvenções totalizam 0,16% do PIB. “Já é baixo, e se retirarmos o volume que é atrelado ao sector de informática, cai para apenas 0,05%”, afirma.
Numa palestra durante o XX Seminário Nacional de Parques Tecnológicos e Incubadoras de Empresas e XVIII Workshop da Associação Nacional das Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), que se está a realizar esta semana em Campo Grande (Mato Grosso do Sul), Teixeira defendeu, entre outros pontos, a simplificação e o melhoramento dos incentivos fiscais, além de uma melhoria dos marcos regulatórios relativos ao sector de inovação e tecnologia.
Engajement
O representante do governo federal no evento, o secretário executivo do Ministério da Ciência e Tecnologia, Luiz Antonio Rodrigues Elias, afirmou que os investimentos federais na área têm avançado e concordou que a alavancagem privada ainda é reduzida.
“Temos uma evolução crescente do orçamento do Ministério (o orçamento passou de R$ 1,9 bilhão em 2000 para R$ 7,9 bilhões em 2010), mas isso ainda não conseguiu incentivar o lado privado. É necessário que o sector empresarial participe do risco do conhecimento. O risco está em envolver o lucro neste processo, não contando apenas com recursos públicos. Não temos tido a mesma resposta, a mesma envergadura no sector privado”, afirmou.
O representante da CNI destacou como uma deficiência brasileira a falta de investimento em recursos humanos e em equipamentos e máquinas o que, segundo ele, compromete a competitividade. “Precisamos de cientistas e engenheiros. Dos brasileiros que têm nível superior, apenas 11% são cientistas e engenheiros. Na China, esse volume é de 39%. Na Alemanha, de 31%.”
Segundo o secretário, entre os desafios do País nos próximos dez anos está o fortalecimento da capacidade de inovação das empresas. “Temos hoje recursos e instrumentos eficientes para fomentar planos de inovação nas PME e fortalecer redes de pesquisa e inovação para o mercado brasileiro, como por exemplo, por meio do Sebraetec (programa do Sebrae que fornece consultoria para ajudar a introdução de conceitos de inovação nos pequenos negócios)”, afirma. De acordo com o secretário, é necessário que a cultura da inovação se introduza no sector empresarial e que os parques tecnológicos e as incubadoras possam ajudar fortemente na elevação dessa capacidade.
A CNI lidera a Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI) que tem por objetivo sensibilizar as empresas para que invistam em inovação e trabalhem junto do governo na melhoria das políticas públicas. O Sebrae é parceiro da entidade e tem a função de actuar na incorporação do tema inovação pelas micro e pequenas empresas. O conceito de inovação, segundo Teixeira, engloba inovação de produto, de processo, a organizacional, a tecnológica e de marketing.
Parques tecnológicos
O Ministério da Ciência e Tecnologia publica na próxima semana dois editais para incentivar a melhoria dos parques tecnológicos e incubadoras de empresas existentes no Brasil. O primeiro, com um volume de R$ 40 milhões, prevê investimentos nos 75 parques tecnológicos existentes no País – 25 em exercício. O segundo investimento, de R$ 10 milhões, será dirigido às incubadoras de empresas.
“Queremos promover melhorias nas estruturas para a investigação, além de aumentar a capacitação e melhorar a gestão nos parques e nas incubadoras. Queremos deixar uma estrutura de parques adequada para o próximo governo, deixar um projecto de longo prazo”, afirma Elias.
O Seminário, que será realizado até à próxima sexta-feira (24/9) em Campo Grande (Mato Grosso do Sul), é promovido pela Anprotec em parceria com o Sebrae. Com 670 participantes inscritos, tem como tema central o desenvolvimento de empreendimentos sustentáveis. A Anprotec reúne 400 incubadoras em actividade no País, que contam com mais de 6,3 mil empresas. Juntas, elas faturam cerca de R$ 3,5 bilhões por ano e empregam 25 mil trabalhadores.
FONTE: Agência Sebrae de Notícias
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